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segunda-feira, 3 de abril de 2017

A CONFIGURAÇÃO DA REGIÃO GEOECONÔMICA AMAZÔNICA DO BRASIL


Há vários modelos de regionalização do território, porém, o que mais se destaca e se utiliza é aquele proposto pelo geógrafo Pedro Pincha Geiger, elaborado em 1967, embora considerado não oficial, uma vez que somente o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística tem a chancela do governo federal para tal expediente.
O recorte regional proposto pelo nobre geógrafo brasileiro, tem como base a distribuição das atividades econômicas no espaço brasileiro. Assim, os três complexos regionais ou regiões geoeconômicas: Amazônia(1) , Nordeste(3) e Centro-Sul(2) desempenham uma função específica dentro da economia nacional, a chamada DTT( Divisão Territorial do Trabalho). 

Fonte: Escola Kids- Uol : Os complexos regionais do Brasil 
Neste texto, faremos a configuração fisiográfica e socioeconômica da Amazônia_ a nossa região. A última região brasileira, a ser incorporada fisicamente ao espaço nacional, através da construção da rodovia BR-010(Belém-Brasília). A frase da música “Esse rio é minha rua” serve para bem ilustrar a dinâmica sócioepacial da região antes da construção dos eixos rodoviários, pois tudo girava em torno do rio: circulação de mercadorias, pessoas, notícias etc! se dava pelo rio.      
Dentre as características fisiográfica podemos citar:
·        A região se destaca pela exuberante cobertura vegetal_ a Floresta equatorial Amazônica ou Hileia que dá nome ao complexo regional. Essa é a característica mais marcante da região, a mesma apresenta três estratos ou divisões bem distintas uma das outras: Mata de Igapó, Mata de Várzea e a Mata de Terra Firme. Veja o infográfico abaixo
Infográfico dos três estratos florestais(Igapó, Várzea e Terra Firme)www.google.com.br



·        A maior rede fluvial do planeta, que forma a bacia do Rio Amazonas ( o maior rio do mundo) e seus afluentes estão entre os dez maiores do globo como: Madeira, Manacapuru, Negro, Jari, Tapajós, Trombetas, Xingu.
·        Relevo relativamente baixo, apresentando altitudes que oscilam entre 0 a 500 metros, tendo como as planícies e os baixos platôs como as principais formas predominantes. O ponto mais alto de Bonito-PA é de 49 metros acima do nível do mar.
·        O clima equatorial quente e úmido, marcado pelo alto índice de pluviosidade(chuvas) que varia entre 1600 mma  a 2500 mma, responsável pela exuberância da floresta.
É relevante sublinhar, que a constante relação de interdependência entre os elementos naturais supracitados (rio-floresta-clima), transforma sua preservação em algo extremamente necessário, bem como, numa condição de segurança planetária.
Nessa mesma direção, iniciaremos a compor uma foto 3X4 da região a partir do ângulo socioeconômico, ou seja, com o olhar direcionado para os dados da sociedade e economia presentes aqui.
·        Apesar de ser o maior complexo regional brasileiro, apresenta uma baixa densidade demográfica, com locais que possuem menos de 2hab/km,² . É bom que se diga, que temos uma população absoluta e relativa baixa, entretanto, nunca fomos uma região vazia de gente ou completamente desabitada.
·        No passado, suas atividades econômicas se limitavam ao extrativismo vegetal, principalmente na produção do látex (seringueira) e na coleta de castanha-do-pará dentre outras especiarias locais – as drogas do sertão. A frase do carimbó "Esse rio é minha rua",retrata muito bem aquela realidade que antecedente a construção dos eixos rodoviários( Br-010-Belém-Brasilia, Br-230-Transmazônica e Br-163-Cuiabá/Santarém). Toda a dinâmica regional amazônica girava em torno do rio. Era pelo rio que chegava e saia pessoas, mercadorias , informações etc!. 



·               

domingo, 26 de março de 2017

A Revolução Tecnológica e a Globalização

Com a Revolução Industrial que se iniciou a partir da segunda metade do século XVIII, e segue até nos dias de hoje, muita coisa mudou. A Revolução Industrial se originou no Reino Unido e depois se espalhou para outros países e regiões do globo. Seu principal símbolo foi a máquina a vapor e a indústria têxtil a mais importante, tendo o carvão como principal fonte de energia. Tal fenômeno, foi responsável por inúmeras transformações sociais, econômicas, geográficas e culturais em todo o mundo.
Já a segunda Revolução Industrial, que se estendeu do fim do século XIX até o fim do século XX, foi simbolizada pelo automóvel. A principal fonte de energia era o petróleo e as indústrias de vanguarda eram a automobilística , a petroquímica, a mecânica, e a siderúrgica. O grande líder da segunda revolução industrial, o que mais avançou nessa fase e servia como exemplo para os demais foram os Estados Unidos, a maior economia durante todo o século XX.
Apesar da terceira Revolução Industrial, ter sido iniciada a partir de 1970, ainda se encontra em andamento e deverá atingir o seu maior desenvolvimento no transcorrer do século XXI.  Ela é marcada pela substituição do petróleo por outras fontes de energia -  energia eólica, hidrogênio e solar.

O SURGIMENTO DE NOVOS SETORES DE VANGUARDA:
ü  O surgimento da informática;
ü   A origem da biotecnologia e clonagem;
ü  A introdução da robótica na indústria automobilística;
ü  Pesquisas no ramo da nanotecnologia ou microinformática;
ü  Qualificação e especialização da mão de obra.
AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:
Ø  Mudança nos meios de produção;
Ø  Acúmulo de capital;
Ø  Redução dos custos de produção;
Ø  Aumento da produção;
Ø   O surgimento de classes sociais;
Ø  A introdução da linha de montagem;
 A livre concorrência de mercado

ESPAÇOS DA GLOBALIZAÇÃO

        Entende-se por globalização o processo de interligação econômica e cultural, em nível planetário, que ganhou intensidade a partir de 1980, devido sobretudo ao crescimento vertiginoso dos principais centros nervosos  das sociedades moderna: os mercados financeiros e as  redes de informações.
No espaço globalizado contemporâneo, emergem novas potências econômicas e se organizam as relações entre os focos tradicionais de poder. Ao mesmo tempo, sob o impacto de uma revolução técnico-científica, todo o processo produtivo se transforma. As repercussões   dessas mudanças nas regiões industriais, nas economias urbanas e nas estruturas de emprego configuram verdadeiros cataclismos.

    AS TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS  NO ESPAÇO COM A GLOBALIZAÇÃO
ü  Aumento nos fluxos de capitais, mercadorias, e pessoas;
ü  Rapidez na logística mundial denominado just in time;
ü   A utilização da Internet e a telefonia móvel para agilizar as transações financeiras internacionais;
ü  O surgimento das redes de fast-food;
ü  A fusão de grandes empresas nacionais e transnacionais;
ü  A formação dos NPIs, Novos Países Industrializados;

      A FORMAÇÃO DOS PRINCIPAIS BLOCOS REGIONAIS

  
       No final do pós-guerra, as nações estavam convencidas de que os obstáculos ao comércio foram um dos fatores que colaboraram para a primeira e segunda Guerras Mundiais. Fazia-se então necessária a criação de um órgão para criar normas ao comércio mundial. Neste contexto, em 1947, em Genebra, foi criado o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), que, segundo Salvatore (1999), tinha como objetivo promover o livre comércio por meio de acordos multilaterais (Daniel Arruda Coronel e João Aramando Dessimon, p 87)
      Com a globalização intensificada a partir das décadas de 80 e 90 do século XX( o século passado) , cujo fenômeno, pode ser bem ilustrado através de sua dimensão de maior visibilidade_ a econômica, que por sua vez é sinalizada, pela disseminação das grandes empresas multinacionais, agora chamadas de transnacionais, nos países subdesenvolvidos industrializados. Com a economia globalizada, temos o a ampliação da concorrência e competitividade entre países e empresas, impulsionando a formação de blocos ou acordos comerciais bilaterais por regiões do globo. A união faz a força, o que leva os países se juntar em grupos, no sentido de aumentar seus poderes de barganha dentro do cenário econômico global, cuja competição por domínio de mercados é super acirrada a cada dia que se passa.
Em cada região do mundo, os países já se relacionavam diplomaticamente e economicamente entre si, com a formação dos blocos essas relações foram maximizadas através de novas regras e novas facilidades como a redução de tarifas alfandegárias e menos burocracia, visando otimizar as exportações e importações entre seus membros. Os principais blocos são :

Ø   União Europeia;
Ø  Nafta (EUA, Canadá e México)
Ø  Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai);
Ø  Tigres Asiáticos (Cingapura, Hong Kong, Coréia do Sul e Taiwan);
Ø  Pacto andino (Venezuela, Bolívia, Equador e Peru);
Ø  CEI – Comunidade dos Estados Independentes.


Mapa destacando os principais blocos econômicos do Planeta/Brasil Escola 
Na América do Norte, foi criado o NAFTA( Acordo de Livre Comercio das Américas  ,formado pelos EUA, Canadá e México. O Brasil, a Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela(2006) integram uma União Aduaneira, apesar do nome sugerir um Mercado Comum, se traduzirmos ao pé da sigla: Mercosul (Mercado Comum do Sul). Esta fase de integração é diferenciada das demais pelo o estabelecimento de uma tarifa externa comum para ser utilizada com países exteriores ao bloco.
     O processo de integração entre as nações é gradativo e passível de evolução, logo, um bloco econômico configurado como uma Zona de Livre Comércio ou União Aduaneira hoje, poderá se transformar num Mercado Comum ou União Econômica e Monetária amanhã. Assim, afirmamos que os formatos dos blocos ou agremiações comerciais supranacionais não são estanques e/ou definitivas.
             É igualmente relevante sublinhar, que alguns blocos ou associações comerciais internacionais são formados por membros extremamente heterogêneos, mesmo observando as afinidades histórico-culturais que os unem. Por exemplo: O Nafta possui dois integrantes altamente desenvolvidos e industrializados (EUA e Canadá) e um subdesenvolvido ou emergente _ o México, porém , a Cooperação econômica da Ásia e Pacífico(APEC) é a associação que se destaca em primeiro lugar, por reunir os membros com características mais discrepantes, de outro modo,é o que mais apresenta heterogeneidades(diferenças) intrablocos.
            Sabemos que os blocos existem, e que eles evoluem de fases de integração, são compostos por membros heterogêneos (ricos e pobres; industrializados e semi-industrializados). Entretanto, nem de longe, é confortável saber que a formação dos blocos econômicos trazem mais vantagens ás empresas exportadoras e importadoras do que as pessoas físicas. Contudo, podemos vislumbrar algumas vantagens como: o acesso a produtos importados a preços mais baratos (trigo, vinhos, carros, combustíveis, calçados, medicamentos etc!). O primeiro produto desta lista_o trigo, cerca de 60% do nosso consumo é importado do MERCOSUL.


REGIONALIZAÇÃO: uma construção intelectual


*Por Vanderlei de Araújo Mendes

Quando falamos em regionalização de um espaço, podemos inicialmente, nos deparar diante de várias possibilidades, porém, a premissa que deve nortear todas elas, é que região não é um dado da natureza, mas uma construção intelectual, ou seja, um expediente (ato) particular conferido ao ser humano. Por conseguinte, regionalizar é um processo de construir, intelectualmente, regiões. Tal processo pode ser motivado pelas mais diversas razões, sendo que as mais comuns são: finalidade didática, estatística, planejamento territorial etc!  
É relevante lembrar, que o conceito de região está historicamente vinculado à ideia de diferenciação entre áreas, sendo esta primeiramente resultante das diferenças naturais entre os lugares, e posteriormente da forma desigual de como os lugares foram sendo apropriados e explorados economicamente. Igualmente importante, é saber que a “humanização do conceito de região” (iniciada por La Blache e seus seguidores) se dá ao largo do século XX.
Há que se destacar que as regiões são frutos da inteligência e racionalidade humana, e que os homens as constroem no sentido de suprir as suas necessidades. A principio somente os elementos da natureza (relevo, clima, hidrografia e vegetação) eram utilizados para se diferenciar uma região de outra, por isso era chamada de “região natural”.   Com o passar do tempo, as características sociais e econômicas também foram incorporadas ao processo de regionalização, o que levou a mudança do conceito de “região natural” para “região homogênea”.
São inúmeras as razões, pelas quais os homens e mulheres são motivados a elaborar a regionalização de um espaço. Para fins didáticos, tendo como exemplo o Brasil, a melhor forma de aprendermos ou ensinarmos sobre o mesmo é através da divisão regional, uma vez que temos um país com dimensões territoriais continentais; por uma questão de estatística ou contagem da população de cidadãos e de animais, e principalmente para fins de planejamento territorial, cuja finalidade foi a razão maior da criação do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, criado pelo governo federal do Brasil em 1942.
Em tese, a partir do estudo regional elaborado pelo instituto supracitado, é que o governo federal elabora seu planejamento de politicas publicas(educação, saúde, segurança, vias de transportes), no sentido de corrigir as distorções ou disparidades entre as demais regiões. Distorções estas, que foram resultantes de implantação de dinâmicas sócioespaciais e econômicas diferentes.

Diante do exposto, podemos afirmar que regionalização é um processo intelectual bastante complexo e histórico, que possui várias finalidades, motivado por inúmeras razões; que as regiões são diferentes fisicamente por conta da imensa extensão territorial, quando tratamos de Brasil, e socioeconomicamente diferentes porque tiveram formas de apropriação desiguais, o que implicou na implantação de dinâmicas socioeconômicas e espaciais diferentes em cada uma das regiões do Brasil.

sábado, 18 de março de 2017

A formação e Perspectivas dos blocos econômicos regionais

No final do pós-guerra, as nações estavam convencidas de que os obstáculos ao comércio foram um dos fatores que colaboraram para a primeira e segunda Guerras Mundiais. Fazia-se então necessária a criação de um órgão para criar normas ao comércio mundial. Neste contexto, em 1947, em Genebra, foi criado o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), que, segundo Salvatore (1999), tinha como objetivo promover o livre comércio por meio de acordos multilaterais (Daniel Arruda Coronel e João Aramando Dessimon, p 87)
Com a globalização intensificada a partir das décadas de 80 e 90 do século XX( o século passado) , cujo fenômeno, pode ser bem ilustrado através de sua dimensão de maior visibilidade_ a econômica, que por sua vez é sinalizada, pela disseminação das grandes empresas multinacionais, agora chamadas de transnacionais, nos países subdesenvolvidos industrializados. Com a economia globalizada, temos o a ampliação da concorrência e competitividade entre países e empresas, impulsionando a formação de blocos ou acordos comerciais bilaterais por regiões do globo. A união faz a força, o que leva os países se juntar em grupos, no sentido de aumentar seus poderes de barganha dentro do cenário econômico global, cuja competição por domínio de mercados é super acirrada a cada dia que se passa.
Em cada região do mundo, os países já se relacionavam diplomaticamente e economicamente entre si, com a formação dos blocos essas relações foram maximizadas através de novas regras e novas facilidades como a redução de tarifas alfandegárias e menos burocracia, visando otimizar as exportações e importações entre seus membros.
Na América do Norte, foi criado o NAFTA( Acordo de Livre Comercio das Américas ,formado pelos EUA, Canadá e México. O Brasil, a Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela(2006) integram uma União Aduaneira, apesar do nome sugerir um Mercado Comum, se traduzirmos ao pé da sigla: Mercosul (Mercado Comum do Sul). Esta fase de integração é diferenciada das demais pelo o estabelecimento de uma tarifa externa comum para ser utilizada com países exteriores ao bloco.
O processo de integração entre as nações é gradativo e passível de evolução, logo, um bloco econômico configurado como uma Zona de Livre Comércio ou União Aduaneira hoje, poderá se transformar num Mercado Comum ou União Econômica e Monetária amanhã. Assim, afirmamos que os formatos dos blocos ou agremiações comerciais supranacionais não são estanques e/ou definitivas.
É igualmente relevante sublinhar, que alguns blocos ou associações comerciais internacionais são formados por membros extremamente heterogêneos, mesmo observando as afinidades histórico-culturais que os unem. Por exemplo: O Nafta possui dois integrantes altamente desenvolvidos e industrializados(EUA e Canadá) e um subdesenvolvido ou emergente _ o México, porém , a Cooperação econômica da Ásia e Pacífico(APEC) é a associação que se destaca em primeiro lugar, por reunir os membros com características mais discrepantes, de outro modo,é o que mais apresenta heterogeneidades(diferenças) intrablocos.
Sabemos que os blocos existem, e que eles evoluem de fases de integração, são compostos por membros heterogêneos (ricos e pobres; industrializados e semi-industrializados). Entretanto, nem de longe, é confortável saber que a formação dos blocos econômicos trazem mais vantagens ás empresas exportadoras e importadoras do que as pessoas físicas. Contudo, podemos vislumbrar algumas vantagens como: o acesso a produtos importados a preços mais baratos (trigo, vinhos, carros, combustíveis, calçados, medicamentos etc!). O primeiro produto desta lista_o trigo, cerca de 60% do nosso consumo é importado do MERCOSUL. 

A presença da mulher no mercado de trabalho e na sociedade

A partir dos anos de 1960, deu-se inicio uma maior inserção da mulher no mercado de trabalho. Atualmente, sua participação tem sido significativa neste segmento e na sociedade como um todo. Embora, desempenhando as mesmas funções, a remuneração feminina no trabalho é inferior a dos homens. 
É pertinente dizer, que as mulheres dividem os mesmos espaços com os homens em nossa sociedade: Elas ocupam postos nos tribunais superiores, nos ministérios, no topo de grandes empresas, em organizações de pesquisa de tecnologia de ponta. Pilotam jatos, comandam tropas, perfuram poços de petróleo, ocupam cargos eletivos nas esferas municipais estaduais e federais, dentre tantas outras funções ditas masculinas.
Há que se destacar que Independente do grau de qualificação e função desempenhada, ainda percebe-se uma visível desigualdade no que a remuneração feminina em relação a masculina. Tal diferença, é tamanha que se estima que as trabalhadoras do setor privado recebam cerca de 30%(trinta por cento) a menos que os homens.

Diante do exposto, vimos que as mulheres apesar de serem tão eficientes quanto os homens, possuem uma desvantagem quando se trata de salários. Com isso, podemos afirmar o quanto a nossa sociedade é machista, pois descende de uma civilização ocidental patriarcal, na qual o pai ou o homem se considera o centro das decisões.     

sexta-feira, 1 de março de 2013

A formação histórica do território brasileiro


 A formação histórica do território brasileiro 

O espaço brasileiro é resultado de uma sucessão de tempos históricos. O caráter litorâneo do povoamento e a monopolização do acesso à terra remontam ao passado colonial. A economia cafeeira, ainda nos tempos da República Velha, criou as condições necessárias à proliferação do fenômeno urbano e à industrialização.
O crescimento industrial registrado após a década de 1930, por sua vez, lançou as bases da integração econômica e geográfica do território e gerou os “desequilíbrios” regionais. A consolidação de um pólo industrial no Sudeste e de periferias industriais nas demais regiões redesenharam a geografia do país.
Nas últimas décadas, a abertura econômica e o novo caráter de inserção do Brasil nos circuitos globais de produção e consumo vêm produzindo impactos profundos na dinâmica territorial brasileira e alterando de forma substancial da divisão regional do trabalho no país. Os momentos cruciais de produção e valorização do território brasileiro, bem como os grandes eixos temáticos de análise do território brasileiro, são problematizados nos textos que compõem essa Unidade.
1. A Definição dos Limites Territoriais e o Processo de Ocupação do Território Brasileiro
Em sua gênese, o processo de formação territorial do Brasil está associado à empresa colonizadora. As sucessivas ampliações da fronteira produtiva da América Portuguesa, definindo focos de produção e consumo dispersos pelo território, assim como o esforço da Coroa Portuguesa (e, mais tarde, do Império Brasileiro) no sentido de assegurar a posse das bacias hidrográficas e das rotas e caminhos considerados estratégicos, alimentaram a conturbada história da ocupação do território e do traçado das atuais fronteiras brasileiras.
A implantação da empresa agrícola colonial na América Portuguesa foi uma iniciativa inovadora e arrojada: no século XVI, nenhum produto agrícola era objeto de comércio em grande escala na Europa. As transações comerciais a longa distância eram restritas às mercadorias cujo valor pudesse compensar os altos custos de transporte, tais como produtos manufaturados e especiarias vindas do Oriente. As ilhas atlânticas de colonização portuguesa foram o laboratório da grande empresa agrícola que iria ter lugar na América Portuguesa. Nessas ilhas – Madeira, São Tomé, Cabo Verde e Açores –, a monocultura canavieira era praticada desde o século XV.
As primeiras mudas de cana foram trazidas ao Brasil por Martim Afonso de Sousa, em 1531. Dois anos mais tarde, seria construído o primeiro engenho de açúcar da colônia, na vila de São Vicente. Em pouco tempo, a lavoura canavieira seria introduzida na Zona da Mata nordestina. O clima quente e úmido da região bem como a topografia suave e a presença de solos extremamente férteis (conhecidos como solos de massapê) ofereciam condições ideais para o plantio da cana. Na segunda metade do século XVI, a região nordeste da colônia – em especial as capitanias da Bahia e de Pernambuco – havia se firmado como o centro da empresa agrícola colonial. Vastos latifúndios canavieiros, cultivados por mão-de-obra escrava e dotados de um engenho de produção de açúcar, eram a unidade básica dessa empresa.
O açúcar produzido nos engenhos era transportado pelos rios ou em carros de boi até os grandes portos exportadores: Recife e Salvador. Esses centros urbanos funcionavam como elos de ligação entre as regiões produtoras e os mercados consumidores de além-mar. Por isso, sediavam as principais instituições administrativas e comerciais da colônia.
A empresa açucareira implantada pelos colonizadores no século XVI ocupava somente uma estreita faixa costeira do imenso território luso-americano. Porém, no século XVII, novas atividades econômicas foram implantadas, e a fronteira produtiva do território colonial conheceu sucessivos alargamentos. O sucesso comercial do açúcar nos mercados europeus estimulou o aumento da área canavieira da Zona da Mata nordestina: no século XVII, as terras de pasto dos engenhos se transformaram em canaviais. O gado foi expulso das terras nobres da fachada litorânea e ganhou os sertões.
Partindo da Bahia e de Pernambuco (os dois maiores núcleos da produção canavieira), a pecuária se expandiu na direção do Rio São Francisco, que passou a ser conhecido como o “rio dos currais”, e do Rio Parnaíba. Os índios que se opuseram a essa marcha colonizadora sobre o sertão sofreram uma verdadeira guerra de extermínio.
No fim do século XVII, grandes fazendas de pecuária extensiva dominavam a paisagem do sertão nordestino. Nelas, poucos homens livres – negros libertos, índios e brancos pobres – eram suficientes para cuidar do rebanho e transportá-lo para as feiras de gado da Zona da Mata. Nos entroncamentos dos caminhos do rebanho, pontos de contato entre o sertão pastoril e o litoral agrícola, surgiram inúmeros povoados, embriões das cidades sertanejas do nordeste brasileiro.
Na Capitania de São Vicente, a prosperidade da empresa açucareira vicentina durou muito pouco: já na segunda metade do século XVI, os sinais de decadência eram evidentes. A estreiteza da fachada litorânea, comprimida pela proximidade da Serra do Mar, e a predominância de solos rasos e pantanosos desestimulavam a ampliação da agricultura canavieira na região. As maiores distâncias em relação aos portos europeus encareciam os custos de frete. O açúcar vicentino sucumbiu à concorrência do açúcar nordestino. O fracasso da empresa agrícola exportadora produziu um verdadeiro despovoamento do litoral vicentino. Os colonos paulistas galgaram a Serra do Mar e se estabeleceram nas vilas fundadas no planalto.
São Paulo de Piratininga, fundada pelos jesuítas em 1554 e elevada à categoria de vila seis anos depois, se tornou o maior núcleo de povoamento da capitania ainda no século XVI. Um velho caminho indígena, o Caminho do Mar, era a principal via de ligação entre o litoral e os campos de Piratininga, que abrigavam a vila de São Paulo. Nos arredores da vila, os colonos praticavam a policultura de subsistência, utilizando a mão-de-obra dos índios escravizados. O apresamento e escravização dos índios era o principal meio de enriquecimento para os colonos da capitania. Os índios, além de serem necessários na policultura de subsistência, eram uma mercadoria de fácil transporte: podiam atravessar andando os difíceis caminhos do sertão e da serra.
No século XVI, o apresamento dos índios permaneceu restrito aos arredores dos campos de Piratininga. No século XVII, a desorganização do tráfico negreiro, conseqüência das guerras holandesas, ampliou o mercado de índios escravizados nas regiões produtoras de açúcar. As bandeiras de apresamento ganharam o interior, aproveitando os cursos fluviais e abrindo caminhos terrestres. As reduções jesuíticas em território hispano-americano eram o principal alvo do bandeirantismo de apresamento: nelas, os índios estavam concentrados e domesticados. As freqüentes incursões às reduções localizadas às margens do Rio Paranapanema (atual Estado do Paraná) foram responsáveis pela transferência de muitos desses aldeamentos para a província argentina de Missões, entre o alto curso do Rio Paraná e o alto curso do Rio Uruguai.
Na segunda metade do século XVII, a principal finalidade das expedições bandeirantes era a localização de jazidas de prata, ouro e pedras preciosas. O empreendimento contava com o apoio da Coroa lusitana, que contratou diversos sertanistas para organizar e comandar as bandeiras de pesquisa.
A exportação de fumo assumiu importância nas receitas coloniais portuguesas na metade do século XVII. Produzido principalmente no Recôncavo Baiano e em Alagoas, o tabaco era exportado para mercados europeus, além de servir de moeda de troca com os aparelhos negreiros da costa africana. Também no século XVII, intensificaram-se as expedições oficiais pelo vale amazônico. Elas tiveram um sentido predominantemente geopolítico: tratava- se de expulsar holandeses e ingleses, senhores de muitas feitorias ao longo do curso dos rios, e impedir o contrabando de produtos nativos tais como madeira e pescado.
O Forte do Presépio de Belém, fundado em 1616, foi a ponta de lança da estratégia colonizadora da Coroa Ibérica no grande norte. Situado na foz do Rio Amazonas, esse núcleo de povoamento deveria centralizar a exportação das mercadorias e sediar os órgãos do poder metropolitano sobre a região. Plantas nativas, tais como o urucum, o cacau selvagem, o guaraná, a castanha-do-pará, o gergelim, a salsaparrilha e o pau-cravo, eram as principais mercadorias de exportação. Os aldeamentos indígenas controlados pelas diversas ordens religiosas representadas na região amazônica funcionavam como uma reserva de coletores dessas “drogas do sertão”. O excedente alimentar das missões contribuía para o abastecimento de Belém e das pequenas cidades que surgiam na região.
Após a Restauração, a Coroa lusitana intensificou a ocupação militarizada da região. Uma rede de fortificações portuguesas foi construída seguindo a calha central do Rio Amazonas. (ver RICARDO FRANCO, um dos três grandes MACHOS da história do Brasil, juntamente com Ajuricaba, que acabou virando boto e está aí até hoje & Salvador de Sá, que arruinou o nome da família.)
Nas últimas décadas do século XVII, a confirmação da existência de metais preciosos nas regiões planálticas de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás promoveu um afluxo populacional sem precedentes na história colonial, alargando substancialmente a faixa de ocupação do território luso-brasileiro.
Os principais afloramentos auríferos e diamantinos estendiam-se da Bacia do Rio Grande até as nascentes do Rio Jequitinhonha. Os mais importantes núcleos urbanos das Minas Gerais floresceram nessa região: Vila Rica de Ouro Preto, Mariana, Caeté, Sabará, Vila do Príncipe, Arraial do Tijuco e outras. Em torno desses núcleos, apareceram zonas de povoamento mais disperso, próximas às minas do Rio Verde, Itajubá, Minas Novas e de Paracatu.
Todos os esforços produtivos da região mineradora estavam concentrados na extração de metais e pedras preciosas. Os caminhos abertos para a exportação desses produtos e para o abastecimento das Minas Gerais transformaram a geografia do Centro-Sul colonial.
Desde o final do século XVII, as bandeiras paulistas rumo aos sertões do Rio São Francisco seguiam dois caminhos principais, que ficaram conhecidos respectivamente como Caminho Geral do Sertão e Caminho Velho. O primeiro partia de São Paulo, rumando para Jundiaí, e seguia na direção do Rio Grande. Transposto esse rio, buscava a Serra das Vertentes e daí ganhava o São Francisco. O segundo, mais utilizado, seguia o curso do Rio Paraíba do Sul, passando por Mogi das Cruzes, Laranjeiras, Jacareí, Taubaté, Pindamonhangaba e Guaratinguetá, atravessava a Serra da Mantiqueira na altura da passagem de Hepacaré (atual Lorena) e buscava o sertão do Rio das Velhas. Em média, os caminhos paulistas demandavam dois meses de viagem até a região mineira.
No início do século XVIII, tropas de mercadores ganharam os caminhos bandeirantes. Os gêneros alimentares produzidos nos arredores das vilas paulistas atingiam preços exorbitantes na região mineradora. Na retaguarda da economia mineira, a agricultura paulista se expandiu rapidamente. A criação de gado primeiro ganhou os campos de Paranaguá e Curitiba, para logo depois atingir os distantes campos sulinos do Rio Grande do Sul e do Uruguai, transformados em centros de criação de muares. Centros urbanos importantes floresceram e prosperaram nos caminhos de gado: Sorocaba (onde se realizavam as grandes feiras), Itapetininga, Faxina, Pirapora, Cabreúva, Apiaí, Itararé, Avaré e outros.
A curva demográfica, alimentada pela constante imigração lusitana, acompanhou esse surto produtivo: no início do século XVIII, a capitania vicentina contava com 15.000 homens livres. Em 1777, os documentos oficiais registram uma população livre de 116.975 habitantes.
Ainda na primeira década do século XVIII, a Coroa lusitana, preocupada com o contrabando da produção aurífera, mandou construir um caminho que ligasse a região mineradora e a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. O Caminho Novo tinha duas variantes: uma seguia até o porto de Pilar e galgava a Serra do Mar; a outra contornava a Baixada Fluminense e subia o Rio Santana. Ambas se encontravam perto da cidade de Paraíba do Sul e daí seguiam na direção de Correias, Juiz de Fora, Barbacena etc. Pelo Caminho Novo era possível atingir a região das Minas Gerais em apenas dezessete dias.
A abertura do Caminho Novo canalizou para o Rio de Janeiro a maior parte dos lucros do comércio com o hinterland mineiro. O porto do Rio de Janeiro – transformado em boca das minas – se tornou o mais importante porto da colônia em volume de comércio exterior, escoando a maior parte da produção aurífera e diamantina e centralizando as importações necessárias ao funcionamento da empresa mineira. Além disso, tornou-se ponto de passagem obrigatória das levas de imigrantes portugueses atraídos pelo ouro e dos lotes de mão-de-obra negra destinados ao trabalho nas minas. A prosperidade econômica, tributária dessa relação privilegiada com os mercados das Minas Gerais, iria transformar o Rio de Janeiro em sede administrativa do Vice-Reino do Brasil no ano de 1763.
A pecuária do sertão nordestino também conheceu um período de prosperidade no século XVIII: os currais do Rio São Francisco despejavam boiadas inteiras na região das Minas Gerais. A topografia da região favorecia a condução das boiadas até as zonas mineradoras. Além do gado, os Caminhos Baianos sediavam um intenso – apesar de rigorosamente proibido – comércio de negros, uma mercadoria muito mais valiosa nas Minas Gerais do que nas tradicionais regiões açucareiras da Zona da Mata.
Na metade do século XVIII, os limites traçados no Tratado de Tordesilhas estavam definitivamente ultrapassados: a assinatura do Tratado de Madri, no ano de 1750, oficializou a incorporação de vastas possessões espanholas ao território colonial português.

por Raquel Mendes 
Regina Célia Araújo / Manal da Funag de Geografia 2a edição.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Geografia Econômica e Economia(Paul Claval )


Uma .pré-história. da reflexão econômica sobre o papel do
espaço nas atividades produtivas e no consumo ( Paul Claval, Geografia Econômica e Economia)

O conhecimento da economia se desenvolveu, até o fim do século dezoito, graças à observação do papel do espaço na vida econômica, como foi mostrado por Pierre Dockès há uma geração atrás (DOCKÈS, 1969).


“No fim do século dezessete, economistas como William Petty, na Inglaterra, e Vauban, na França, já sabiam que as atividades produtivas estavam geralmente concentradas ao longo dos litorais, dos rios navegáveis e dos canais, nas tiras de duas léguas de largo”.

Observando atentamente o fragmento de texto acima, podemos identificar uma das causas para as grandes concentrações de pessoas nas áreas próximas das águas tanto de mares como de rios. Tais adensamentos populacionais decorrem da localização das atividades produtivas, revelando assim a grande importância de modo de produção capitalista na construção do espaço geográfico mundial.
Depois de 1770, a situação mudou. Os economistas desenvolveram um interesse crescente pelos mecanismos econômicos. Turgot descreveu o funcionamento dos mercados e a lei da oferta e da procura. Na “Riqueza das Nações”, Adam Smith (1776) já mostrava interesse pela observação geográfica: ele demonstrou que a especialização do trabalho era limitada pela extensão do mercado, Mas ele considerou que a riqueza das nações resultava da vontade dos indivíduos, das iniciativas dos empreendedores e do livre funcionamento dos mercados – “deixa fazer, deixa passar"
A ultima frase desse fragmento de texto extraído da obra de Claval, fundamenta a criação dos blocos econômicos regionais, cuja criação se apoia na livre circulação de bens e serviços. De outro modo, a livre circulação do capital.